Fotos: MAO (1987) e La Cit� de L'automobile
O amigo Bill Egan me ligou ontem. Estava animad�ssimo, todo entusiasmado com o carro antigo que tinha ido ver em uma oficina de SP, inteiro, mas com o motor desmontado. Pela quantidade de exclama��es entusiasmadas, mas impublic�veis, despejadas por segundo no telefone, tenho certeza que mais este carro inacabado estar� na sua garagem em breve.
Tal coisa j� deve ter acontecido com voc�s; � uma mania recorrente do entusiasta dos autom�veis procurar coisas obscuras, encontrar raridades esquecidas, garimpar pechinchas. Tal qual um Indiana Jones moderno, somos n�s que vasculhamos o passado e o trazemos de volta ao presente, somos n�s que adotamos m�quinas esquecidas e as trazemos para casa para cuidar. Somos n�s que evitamos que coisas que j� foram t�o �teis e muitas vezes amadas, n�o fiquem abandonadas apodrecendo. E como o jovem Andy ao final do filme Toy Story 3, somos n�s que, chegada a hora correta, passamos eles para outra pessoa, para que ela possa ter o mesmo prazer em us�-los quanto n�s, ao nosso tempo.
Sempre digo que n�o somos donos de carro nenhum, somente temos a cust�dia deles por um tempo, e assim temos que cuid�-los e mant�-los para que as pr�ximas gera��es possam tamb�m ter o prazer de conhec�-los. Principalmente se � algo raro ou especial, mas n�o somente. Como os brinquedos do filme, carros transcendem a condi��o de produtos industriais de consumo produzidos em s�rie. Como os brinquedos, a carga emocional que inevitavelmente depositamos naquelas coisas inanimadas criam um la�o �nico, e fazem a frieza da realidade inerte deles, aquela que diz ser o carro um amontoado de a�o, pl�stico e vidro, desaparecer por completo.
E tudo isso porque um carro, de novo como um brinquedo, nos d� a liberdade da imagina��o. E mais que o brinquedo, o carro nos d� a liberdade e independ�ncia f�sica de nos levar onde bem entendemos, quando bem entendemos, com a companhia que escolhemos. Todo carro, por mais humilde que seja, � o supremo provedor de liberdade, e por isso merece respeito.
E � por isso que todo carro que j� vendi, saiu de minhas m�os melhor do que chegou. E � por isso tamb�m que me d�i a alma quando algu�m faz um conserto malfeito, uma gambiarra qualquer, somente �para vender�. Entendo que deve-se respeitar e cuidar do nosso patrim�nio, e que todo gasto deve ser pensado com cuidado. Entendo tamb�m que TODO carro ser� vendido ou doado a outro um dia, e portanto deve-se ter isso em mente quando se faz algo nele. Sei disso tudo, mas ignoro completamente, e conserto o que est� quebrado, e, �s vezes melhoro o que pode ser melhorado. Eu gosto de dinheiro, mas gosto mais de ter meu carro funcionando perfeitamente. Uma quest�o de prioridades apenas.
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